Quero gritar minha Vitória

Outro dia encontrei uma folha de caderno coberta com a letra da minha filha do meio. “Vitória, você que escreveu?” Foi. Vitória Alves da Silva Salvadori. Uma das minhas três rainhas.

Agora eu quero falar, mesmo sem palavras eu quero falar, falar que as coisas não são mais como eram antes, dizer que amar já está sendo complicado, dizer que a vida já está ficando mais complicada. Dizer tudo aquilo que tive medo de falar, e fazer tudo aquilo que tive vontade de fazer, sem medo de ser julgada ou apontada como louca.
Eu quero mais do que posso, quero gritar minha vitória e correr de braços abertos pela rua abrindo um mundo novo de oportunidades para mim. Eu quero ser tudo aquilo que nunca tive coragem de ser.

Choro lágrimas de sangue e vejo pessoas queimando em minha frente. Sei que elas não vão escapar. Ninguém ira escapar de uma morte tão boa quanto essa. As pessoas gritam e por um minuto escuto minha mãe me chamar. Olho para os lados mas não a encontro, então a vejo queimar nas chamas fervorosas do inferno. Choro lágrimas de sangue e no momento sinto que não vou escapar de uma morte tão boa quanto essa. Minha mãe me chama e eu a sigo e queimo com ela nas chamas do inferno.

Hoje não vou dormir em casa, porque a solidão está se ocupando lá por um tempo. Não quero encontrá-la, quero ficar bem longe dela, não quero mais solidão, por isso vou viajar, fazer as malas e espero não encontrá-la lá.

Vitória Alves da Silva Salvadori